sábado, 9 de abril de 2011

A vida renova-se ...

(fotografia de Joaquim Nogueira/ Lobices)

Assim como as flores murcham

E a juventude cede à velhice,

Também os degraus da Vida,

A sabedoria e a virtude, a seu tempo,

Florescem e não duram eternamente.

A cada apelo da vida deve o coração

Estar pronto a despedir-se e a começar de novo,

Para, com coragem e sem lágrimas se

Dar a outras novas ligações.

Em todo O começo reside um encanto que nos

Protege e ajuda a viver

Serenos transpunhamos o espaço após espaço,

Não nos prendendo a nenhum elo, a um lar;

Sermos corrente ou parada não quer o espírito do mundo

Mas de degrau em degrau elevar-nos e aumentar-nos.

Apenas nos habituamos a um círculo de vida,

Íntimos, ameaça-nos o torpor;

Só aquele que está pronto a partir e parte

Se furtará à paralisia dos hábitos.

Talvez também a hora da morte

Nos lance, jovens, para novos espaços,

O apelo da Vida nunca tem fim ...

Vamos, Coração, despede-te e cura-te!


Hermann Hesse (1877-1962),

Alemanha in "O jogo das contas de vidro", trad. de Carlos Leite